Reuso

Hei de refutar os olhos secos na multidão, o trânsito lento e a acidez lacerante. Hei de hesitar os dias passados em branco em cidade cinza, revendo os muitos que são prédios em rostos singularmente traçados, despedaçados pela rotina. Longe o pássaro sobrevoa a paisagem metropolitana, o cego atravessa a esmo, o morador de rua entristece fotografias. Existem sombras do passado presentes em cada tilintar de barulho, saio adentro em um corredor fundo e me oponho à realidade. O vapor desce as escadas, as soleiras não acomodam calçados. Vozes são ásperas, telas estreitas, música de reuso. Sequer adormeço e desperto com o mais que certo sonoro e vibrante barulho do moderno intrínseco. Tomo a bebida usual, ante milhões sou comum, e ante tantos sou o que sobrou do peculiar.

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